
A indústria siderúrgica brasileira ganhou uma sobrevida após os Estados Unidos informarem que não vão sobretaxar as importações de aço de países que estiverem negociando a exclusão da medida protecionista. O representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, informou ontem que já está em negociações para potencialmente retirar da sobretaxa as vendas de Austrália, Argentina e União Europeia e que “espera começar conversas” também com o Brasil.
A sinalização foi suficiente para que o presidente Michel Temer começasse a comemorar. Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ele foi informado das declarações do americano e disse à plateia de empresários:
— Estou vendo uma declaração feita pela Casa Branca de que o Brasil é um dos países com quem começarão as negociações visando a uma eventual exceção nas tarifas sobre a importação de aço e alumínio. As novas tarifas, mensagem da Casa Branca, não se aplicarão enquanto estivermos conversando sobre o tema.
Após a fala de Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também comemorou. Disse que a notícia chegou um dia depois de ter conversado com o secretário do Tesouro Americano, Steven Mnuchin, durante reunião prévia do G-20, na Argentina.
No fim da tarde, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, baixou o tom do Planalto e disse a interlocutores que o gesto americano pode ser interpretado como um sinal positivo.
O fechamento do mercado americano aos produtos siderúrgicos — a sobretaxa entra em vigor amanhã — aumentará o já preocupante estoque excedente de aço no mundo, estimado em mais de 700 milhões de toneladas. Pressionado pelo setor siderúrgico, o governo trabalha com duas frentes, caso se confirme a ameaça de surto de importações. Na hipótese de uma invasão de aço no Brasil, o caminho mais certo será a adoção de salvaguarda, que pode ser adotada por tarifa, quota ou preço mínimo, para as importações de todos os mercados fornecedores de siderúrgicos. Basta que as empresas nacionais comprovem que há danos à produção e ao emprego.
PROPOSTA ‘ANTIDUMPING’
Em uma segunda frente, já existe pronta uma proposta de aplicação de direitos contra dumping — prática desleal de comércio internacional marcada pela oferta de produtos a preços artificialmente baixos —, feito pela China e pela Rússia.
Fonte: O Globo