Fiat comemora 40 anos do primeiro carro a álcool que marcou a sua chegada às ruas, produzido em série no Brasil, um Fiat modelo 147, com motor 1.3 e câmbio manual de quatro marchas. Costumam ser ruins as lembranças de quem teve em casa um destes (ou algum de seus concorrentes), especialmente pela dificuldade de partida em dias frios.
Mas também é verdade que o know-how acumulado com aqueles primeiros modelos continua favorecendo a indústria. Vale recordar que o desenvolvimento dos carros a álcool da Fiat e de todas as fabricantes de automóveis instaladas no Brasil ocorreu em virtude do Proálcool, programa de desenvolvimento lançado em novembro de 1975 pelo governo, com empréstimos a juros abaixo dos praticados no mercado para incentivar produtores de cana-de-açúcar e também montadoras.
A razão era o choque do petróleo, cujo barril havia saltado de US$ 2,03 em 1971 para US$ 10,73 em 1974. Refém do ouro negro importado, o Brasil precisava criar uma solução doméstica.
Surgia assim uma nova matriz energética. A produção de álcool saltou de 3,4 bilhões de litros ao ano em 1980 para 9,5 bilhões em 1985. Também neste curto período a participação de carros a álcool subiu de 27% para 95,8%.
Mais tarde, com o recuo do preço do petróleo, os modelos a álcool perderam apelo. Mas a massificação do uso da injeção eletrônica e a modernização dos sistemas de gerenciamento do motor mostraram para montadoras e fornecedores uma nova possibilidade, a de fabricar carros capazes de consumir só etanol, só gasolina ou a mistura de ambos em qualquer proporção.
Em 2003 surgia o VW Gol Total Flex, primeiro carro bicombustível. Essa nova tecnologia foi favorecida pelos conhecimentos acumulados no período do Proálcool.
“A virada para o flex acabou sendo bastante ‘confortável’, a maior evolução nesses modelos foi mesmo no gerenciamento eletrônico”, recorda Ronaldo Ávila, atual supervisor de engenharia da FCA, que na época atuava como técnico de laboratório.