Segundo pesquisa da CNC, o comércio varejista deve ter um prejuízo de R$ 19,6 bilhões em 2020 com as folgas. Especialista dá dicas para o empregador tentar reverter a situação
Feriado é motivo de comemoração para muitos, mas de prejuízo para outros. Com nove feriados nacionais, sendo seis prolongados em 2020, o comércio varejista deve ter um prejuízo de R$ 19,6 bilhões, segundo pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento apontou que em 2019, o comércio varejista e atacadista tiveram um prejuízo de R$ 17,4 bilhões com os feriados nacionais. A CNC estima que haja uma queda de 8,4% na lucratividade do comércio a cada feriado. Na pesquisa não estão incluídos os feriados estaduais e municipais.
O consultor em administração e especialista em Governança Corporativa, Marcelo Camorim, vê na prática os prejuízos do excesso de feriados no País, principalmente devido ao fato do Brasil estar em crise há 5 anos e com mais de 12 milhões de desempregados. “Muitos feriados acontecem no meio da semana, o que quebra o ritmo da equipe”, diz.
Entretanto, como os feriados são culturais no País, o especialista orienta que as empresas desenvolvam alternativas para driblar a queda de produtividade que as paradas. Como exemplo, ele cita a criação de campanhas promocionais nos dias úteis que antecedem ao feriado, campanhas de premiação para estimular a produtividade e, assim, equilibrar a queda nas vendas nos dias de feriado.
Vale também buscar acordos coletivos para transferir feriados que caiam no meio da semana para a segunda-feira ou sábado. Caso o feriado seja uma data estratégica importante para o negócio, a empresa pode optar por convocar o colaborador para trabalhar no feriado e remunerá-lo conforme a legislação trabalhista. “Não são todos que viajam nos feriados”, explica.
Outra alternativa, quando o feriado cai perto do fim de semana, é estabelecer o sistema de compensação com os colaboradores para que eles possam emendar. “Se o colaborador trabalha das 8h às 18h, ele passa a trabalhar meia hora a mais a cada dia para compensar a folga que ficará sem trabalhar. Assim não prejudica a produtividade”, esclarece.
Oportunidade
Um bom negócio não tem dia e nem hora para acontecer, pode ocorrer, inclusive, nos feriados. A URBS Imobiliária, uma das maiores empresas do setor em Goiás, é um exemplo de empresa onde os profissionais de corretagem optam em fazer plantões nos feriadões para atender quem está pesquisando imóveis. De acordo com o gestor de equipe da imobiliária, Eduardo Geffen, quem não sai de Goiânia e tem o projeto de comprar um imóvel costuma aproveitar esses períodos, no qual a cidade está mais tranquila, para conhecer os decorados.
“No dia a dia os clientes sempre estão trabalhando, então são nessas épocas de folga prolongada que se torna mais fácil deles conseguirem o tempo que precisam para fazer uma visitar um empreendimento. Por isso, é sempre grande a possibilidade de realizar uma venda nos feriados”, explica Eduardo que trabalha há dez anos no mercado imobiliário.
De acordo com o diretor comercial da URBS Imobiliária, Edmilson Borges, alguns corretores parceiros da empresa até disputam a participação nos plantões de vendas nos feriados, pois sabem que é um período com ótimas oportunidades. “Em Goiânia, recebemos um público grande vindo de fora, do interior e até de estados próximos. São pessoas que aproveitam os feriados para buscar um imóvel na capital com mais calma. Em geral são famílias que querem comprar um imóvel para o filho que vem estudar na cidade ou têm interesse de ter um imóvel de apoio na capital”, explica Edmilson.
Em 2019, a corretora autônoma Priscylla Sousa Damasceno fez plantão de vendas no período natalino e afirma que é uma questão de oportunidade para todos. Para o cliente, pois é quando ele está com mais tempo para procurar um imóvel. “Em geral, ele entra num estande de vendas nesta época e tem grande intenção de compra. E é uma oportunidade para o corretor. Acho que quem não vai ao plantão acreditando nessas oportunidades, acaba perdendo”, esclarece.
Diretor da URBS Imobiliária, José Humberto Carvalho, reforça que, embora o volume de visitantes seja menor em feriadões, a intenção de compra é maior que em dias normais. “Só se dispõe a visitar o imóvel quem realmente está interessado na aquisição. Esse momento de pausa de atividades é uma oportunidade para os investidores aproveitarem para fechar negócios”, complementa.