Para lançar o Yaris brasileiro produzido em Sorocaba (SP), a Toyota investiu R$ 1 bilhão, mas também provocou investimentos paralelos de fornecedores. Alguns inclusive construíram novas fábricas e linhas de produção especialmente para atender demandas trazidas pelo novo carro, que nasce com 75% de componentes nacionais e ampliou a base de suprimentos da montadora, com aumento no número de peças compradas, pois o Yaris compartilha poucos itens com outros modelos da marca feitos aqui.
A Toyota tem atualmente o total de 130 fornecedores no Brasil e trabalho de desenvolvimento do Yaris aglutinou 72 empresas; seis delas vão fornecer pela primeira vez à fabricante japonesa no Brasil.
Cerca de 70% dos fornecedores do Yaris brasileiro também fornecem para Etios já fabricado em Sorocaba, mas a maioria dos componentes é diferente. A grande maioria (63) está localizada no Estado de São Paulo, sendo nove empresas bem ao lado da fábrica, no parque de fornecedores montado pela Toyota desde o início da operação ali em 2012.
Estes nove vizinhos fornecem de 70% a 80% das peças consumidas na linha de produção – são os itens de maior tamanho, mais difíceis de transportar, como bancos, vidros e chapas de aço. Além de São Paulo, a cadeia formada pelo Yaris se espalha por Minas Gerais (5), Paraná (3) e Rio Grande do Sul (1).
Novos fornecedores e investimentos
O Yaris foi o vetor de novos investimentos de seus fornecedores no Brasil. Entre as empresas que pela primeira vez estão fazendo negócios com a Toyota no Brasil, a NAL, do Grupo Koito, no ano passado construiu uma fábrica em Sorocaba que irá fornecer os faróis de LED que equipam as versões de topo do novo carro. O primeiro cliente da planta é a Toyota.
O mesmo acontece com a Hi-lex, que para atender a montadora inaugurou em março passado, perto da cidade de Itu (SP), unidade de produção de cabos de controle mecânico, como freio de estacionamento, para travamento de porta e abertura de porta-malas.
Também na região de Sorocaba, a Gestamp investiu em uma nova linha de roll forming para moldar a estrutura metálica dos para-choques do Yaris.
Desenvolvimento rigoroso
Todas as empresas envolvidas no projeto do Yaris passaram pelo rigoroso processo de desenvolvimento da Toyota, que tem cinco etapas até o início do fornecimento regular de peças e envolve o trabalho conjunto dos departamentos de compras, qualidade e controle de produção (manufatura), que participam do chamado SPTT, de Supplier Parts Track Team (algo como “Time de Acompanhamento dos Fornecedores de Componentes”).
“O desenvolvimento antecipa problemas para evitá-los desde o início da produção. Se o fornecedor não fizer [componentes] com qualidade não adianta nada, não dá para corrigir na linha de montagem. Por isso mantemos uma relação de trabalho conjunto [com as empresas da cadeia de autopeças]”, explica Celso Simomura, vice-presidente da Toyota do Brasil responsável por compras.
O trabalho começa com a classificação estratégica do fornecedor, que tipo de material vai fornecer, onde vai produzir (fábrica nova ou antiga), quais os critérios de qualidade e processo envolvidos, se é a primeira vez que trabalha com a Toyota…
Feitas as escolhas, na primeira etapa do SPTT é montada uma agenda para definir ferramentais, processos produtivos e validações. Na segunda fase é feita a preparação industrial para o início da produção. Aí começam a ser feitas as primeiras amostras para auditoria e possíveis correções. Quando são detectados problemas em outros níveis da cadeia, como no fornecimento de insumos para os fornecedores, a Toyota também atua para encontrar soluções.
Por fim é feito um teste de produção em larga escala, que pode variar de uma hora de produção até um turno inteiro. Todos os procedimentos e equipamentos envolvidos são avaliados, até o número de peças produzidas por minuto, para checar a produtividade e qualidade do fornecedor. É feito um diagnóstico e soluções são propostas para evitar gargalos produtivos ou problemas de qualidade. Só depois de aprovado em todas essas avaliações o fornecedor começa a entregar as peças para produção da Toyota.
A montadora também tem à disposição dados de sua rede mundial de produção, o que torna mais rápida a adoção de determinados processos e ferramentas. “Em muitos casos, usando exemplos internacionais, já sabemos o que funciona e o que não dá certo para tornar a produção mais eficiente”, pontua Simomura.
Fonte: AB News