Entidades também têm consenso sobre crescimento na venda de 0 km
Crescimento do Setor – Desde o início de 2014 o Brasil vem enfrentando uma crise econômica acentuada. Até o fim daquele ano não se sabia ao certo como ela se desenrolaria, em 2015 veio a confirmação de um período mais difícil do que muitos pensavam e em 2016 sobrou apenas a esperança de dias melhores.
Para o Setor Automotivo, após atingir o fundo do poço, essa esperança vai tomando mais forma com o passar dos meses e começa a virar realidade.
O Setor Automotivo se divide em dois nesse momento. Uma parte, a que envolve maior fluxo, é a que sofre mais: as montadoras, que sofreram com as quedas consecutivas nas vendas.
Do outro lado o Setor de Autopeças. Não houve segmento que não tenha sido afetado, mas o de autopeças viveu os dois lados da moeda.
Para quem fornece para as montadoras, momentos delicados e que puxaram todo o Setor para baixo, já para quem trabalha com reposição, os resultados foram até positivos.
No ano passado, o setor de peças de reposição, onde o consumidor final faz a compra direta – atacado ou varejo –, faturou 4,7% a mais que em 2014. Já as vendas para as montadoras de veículos caíram.
O faturamento foi 25,4% menor em 2015 do que no ano anterior. E em 2016, a estimativa é que os resultados estejam sendo mais equilibrados, com números ainda melhores para o Aftermarket e resultados não tão ruins para o fornecimento primário.
Para 2017, a estimativa é mais otimista. Espera-se um resultado somado positivo. Ou seja, somando fornecimento primário e Aftermarket haverá aumento real no volume de negócios.
Enquanto a Anfavea estima um mercado até 9% maior em 2017, o Sindipeças é mais cauteloso e prevê um incremento de 2,7% nas vendas do setor para o próximo ano. Segundo Dan Loschpe, presidente do Sindipeças, a estimativa sofre revisões a cada três meses.
“A construção do índice se dá com base nas conversas com os participantes do sindicato, que têm contato direto com as montadoras. Torço para que estejamos errados e que o mercado se recupere de forma mais rápida”, completou o executivo durante congresso em São Paulo.
Loschpe ainda prevê que o crescimento seja comprovado em breve. Ele prevê que até janeiro de 2017 o setor tenha algum mês positivo de vendas em relação a 2015. “Com base nas encomendas feitas pelas montadoras às empresas de autopeças, acreditamos que estamos perto do início de uma recuperação”, afirma.
Por que acreditar que 2017 vai ser melhor?
- O corte dos juros, que foram para 14% no início de outubro, foi mais um sinal de que o País começa a se reerguer. A queda foi de apenas 0,25%, mas foi a primeira em quatro anos. Um dos maiores beneficiados serão os financiamentos de veículos;
- Conquista do posto de segmento com maior participação em locações de galpões para produção e distribuição;
- Um dos únicos segmentos que conseguiu conter o sangramento com quedas pequenas e até crescimento durante a crise econômica;
- Retorno dos investimentos estrangeiros.
Novo Inovar-Auto
Ainda segundo o presidente do Sindipeças, Dan Loschpe, apesar do cenário desafiador, já é possível vislumbrar dias melhores. Para ele, a definição de um novo regime para o setor automotivo deve acontecer no primeiro trimestre de 2017.
“O Inovar-Auto termina no fim do ano que vem e já há uma série de discussões em andamento para substituir esse programa. Acredito que esse modelo expirou. O que vem pela frente será diferente”, avalia.
Loschpe aproveitou o congresso para revelar alguns pormenores do novo programa. Segundo ele, entidades como Anfavea, Sindipeças e Fenabrave fazem parte da discussão, comandada pelo governo federal.
“A espinha dorsal já está desenhada e não será mais um regime que privilegia a questão da tributação”, conta. Segundo ele, quatro frentes serão contempladas: segurança, conectividade, emissões e eficiência energética. “Independentemente da origem do veículo, esses critérios terão de ser atendidos.
O objetivo é que os veículos vendidos aqui acompanhem a tecnologia global.”
O novo regime deverá ter duração de dez anos, com revisão depois dos primeiros cinco anos em vigor. “Essa será uma das ferramentas para trazer a previsibilidade que o setor automotivo tanto almeja.”
Vendas de autos leves
Veículos 0 km x Veículos Seminovos
Quando o assunto é venda de veículos zero quilômetros o ânimo é outro. No acumulado durante os últimos três anos, o Setor vem de uma queda que pode atingir 50% ao fim de 2016. Porém, além de marcar a interrupção dos resultados negativos, há consenso no segmento de que 2017 será o início de uma lenta recuperação. Estima-se que haja crescimento de 5% na venda de veículos leves no próximo ano.
O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., estima um aumento de 5% nos licenciamentos no ano que vem. A volta da confiança do consumidor, que já começa a dar sinais de melhora, vai impulsionar a subida nos números de vendas nas concessionárias.
“É um bom número, apesar de ainda ser um porcentual abaixo da queda deste ano. A hemorragia foi estancada. O mercado retomará o crescimento, principalmente com a melhora do ambiente macroeconômico, com a Selic em queda.
Isso levará o consumidor às lojas”, destacou Assumpção Jr. durante painel em que participou no segundo dia do Congresso Autodata 2016, realizado no mês usado outubro.
Porém, para alcançar o patamar que era padrão em 2013 ainda demanda maior paciência. Para Assumpção Jr., o volume de 3 milhões de veículos comercializados por ano será atingido somente em 2020.
Por sua vez os veículos seminovos, segundo o entendimento da Anfavea aqueles que têm no máximo três anos de circulação, consolidaram sua posição no mercado. Em 2016, atingiu crescimento de 23,2% em relação ao ano anterior. Já foram comercializados mais de 3,6 milhões carros nessas características.
Para o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a soma de veículos novos com seminovos, aqueles com até três anos de uso, já indica resultado positivo no acumulado deste ano: “Até agosto o comparativo com o ano passado era negativo.
Mas considerando a venda de 0 Km e seminovos nos primeiros nove meses vemos agora um crescimento de 1,7%, mostrando que o desejo do brasileiro de adquirir um veículo se mantém”. A tendência é manter o crescimento em 2017.