Em recessão desde o terceiro trimestre do ano passado, a Argentina teve ontem indícios de que a crise econômica está se aprofundando ainda mais. A produção industrial no país retrocedeu 14,7% em dezembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Foi o oitavo mês consecutivo de quedas crescentes e o pior resultado do setor no governo de Mauricio Macri. No ano, a indústria acumulou recuo de 5%.
O órgão estatístico argentino divulgou que a construção civil registrou queda de 20,5% em dezembro na comparação com o mesmo mês de 2017. No país, o segmento da construção não é contabilizado dentro da indústria, como ocorre no Brasil.
No ano, porém, a construção avançou 0,8%, impulsionada pelos resultados dos primeiros meses de 2018, quando as altas beiravam os 20%. A construção, principalmente as obras públicas, havia sido o grande motor do crescimento da economia argentina em 2017, quando o PIB avançou 2,9%.
Logo após apresentar esse resultado, porém, o país começou a perder tração, com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos – que tornou os investimentos americanos mais rentáveis e os de países emergentes, menos interessantes. Resultados fiscais ruins e um imposto sobre aplicações financeiras feitas por estrangeiros se somaram ao cenário que levou o investidor a fugir da Argentina. A consequência de tudo isso foi uma desvalorização do peso argentino superior a 50% e uma inflação de 47,6% no ano, além de projeções de uma queda do PIB de 2,5% em 2018.
Para 2019, economistas estimam novo recuo para o PIB argentino,
que deverá ficar entre -1% e -1,5%.
Brasil. O desempenho fraco da economia do país vizinho começou a prejudicar o Brasil no fim do ano passado. No quarto trimestre de 2018, a indústria brasileira recuou 1,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, em grande parte por causa da diminuição das exportações para a Argentina. Apenas as vendas da indústria automotiva caíram 48,1% em dezembro em relação ao mesmo mês de 2017.