As montadoras chinesas apostam na retomada do crescimento do mercado automotivo para tentar uma nova ofensiva comercial no Brasil, já que a primeira não lhes deu a relevância esperada.
Nos últimos cinco anos, as oito marcas chinesas que atuaram aqui venderam 96 mil unidades. O montante representa quase a metade do que um único modelo, o Chevrolet Onix, emplacou somente em 2017 (188,6 mil unidades).
Das oito empresas que se aventuraram no país restaram apenas três: JAC Motors, Chery e Lifan. Outras como Changan, Hafei, Jinbei,Geely e BYD estão com as atividades suspensas.
A JAC planeja vender oito mil veículos em 2018. A empresa chegou em 2011 ao mercado brasileiro e emplacou 23,7 mil veículos no primeiro ano. Em 2017, foram apenas 3,8 mil unidades.
O fim da cota para importações, de 4,8 mil carros por ano, é um dos motivos do otimismo. A empresa que ultrapassasse o limite era sobretaxada em 30 pontos percentuais do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), de acordo com o Inovar-Auto, regime automotivo que vigorou até 31 de dezembro de 2017.
Além do fim da cota, a esperança dos fabricantes chineses que insistem no Brasil está na leve arrancada do mercado. Em 2017, foram comercializados 2,43 milhões de unidades, crescimento de 9,36% em em relação a 2016, o primeiro depois de quatro anos seguidos de declínio.
Depois do recorde alcançado pelo mercado brasileiro de automóveis em 2012, quando foram vendidas 3,7 milhões de unidades somando automóveis e comerciais leves, as vendas despencaram. “Os planos que foram feitos desmoronaram”, afirma o presidente do grupo SHC, Sérgio Habib, representante da JAC.
A construção de uma fábrica em Camaçari, na Bahia, foi abortada. A JAC foi descredenciada do Inovar-Auto (que também dava incentivos para quem construísse uma fábrica) e é cobrada pelo governo baiano. O valor da dívida não é público. O plano de Habib agora é construir a fábrica em Goiás. A conclusão está prevista para o final de 2019, com capacidade de 35 mil unidades por ano.
Outra chinesa, a Chery, tem uma linha de produção quase fantasma. A fábrica de Jacareí (SP), com capacidade para 50 mil unidades por ano, produziu 3 mil em 2017.
A Caoa assumiu a operação da empresa no final de 2017 e a estratégia, segundo o presidente da empresa, Mauro Correia, é usar a experiência do grupo em vendas para impulsionar a comercialização. “Mas sabemos que neste ano não vamos chegar perto da capacidade anual da fábrica (50 mil)”, diz Correia.
Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/02/1954900-chinesas-voltam-para-o-setor-automotivo.shtml