Realidade no setor – O comércio on-line de autopeças segue em crescimento e a dúvida do mercado, que até pouco tempo era se o setor de autopeças iria se tornar digital, parece ter se tornado quando isso acontecerá.
Os e-commerces de peças automotivas tiveram aumento em participação no mercado no último triênio e números maiores a cada levantamento, apesar de a crise econômica ter causado retração nas vendas físicas.
Desde o auge da crise econômica, as vendas on-line de autopeças cresceram. Entre agosto de 2014 e o mesmo mês de 2015, houve aumento de 82,7% nas vendas on-line.
Em 2016, houve crescimento de 75% apenas no primeiro semestre. A tendência é que os números fiquem mais tímidos, mas o faturamento siga crescendo tanto em números absolutos quanto em participação no segmento.
No início do ano, a Google divulgou dados sobre pesquisa que também apontaram crescimento nas buscas on-line por autopeças.
“A procura pela categoria de autopeças vem crescendo a um ritmo de 40% ao ano, muito acima do esperado, enquanto o varejo total cresceu 25% no mesmo período”, afirmou Rodrigo Rodrigues, head de soluções de marketing da gigante norte-americana.
As autopeças e acessórios automotivos ocuparam, em 2016, o 9º lugar entre os segmentos com maior volume de faturamento em vendas on-line, representando um total de 2,7% das transações feitas pela internet no país.
Comparando com 2015, o aumento foi de apenas 0,7% na participação, número que indica um cenário propício a crescimento para o segmento.
Para efeitos de comparação, nos EUA, país onde há maior desenvolvimento tecnológico, a participação do setor no comércio eletrônico é de 10,5%. Para a Fecomercio-SP, o setor deve ganhar, já neste ano, algumas posições no ranking de faturamento.
De acordo com o Sindipeças, o setor de autopeças deve faturar, em 2017, R$ 64,8 bilhões, representando crescimento de 2,7% em relação ao ano anterior. Dado o crescimento exponencial do comércio eletrônico no setor de autopeças, fica impossível mensurar qual será a participação dos canais de vendas on-line até o fim do ano.
Exemplos do Setor
O Grupo Universal/Univel inaugurou, em fevereiro deste ano, seu e-commerce. A proposta do grupo foi garantir agilidade e disponibilidade aos seus compradores. O modelo de negócio adotado foi o B2B – onde as vendas não chegam diretamente ao consumidor final.
Na época do lançamento, Elsio Coelho, diretor Comercial da Universal, destacou a necessidade de ampliar as operações do Grupo e também a preservação da cadeia.
“O intuito é ter uma ferramenta que facilite, sobretudo, o alcance. Chegaremos mais facilmente em lugares onde haja dificuldade. Mas, com a plataforma funcionando entre ‘CNPJs’, garantimos que não haverá negócio com ‘CPFs’ e isso mantém a atuação tanto dos representantes, quanto dos varejistas, sem alteração”, comentou na ocasião.
Quase seis meses após a inauguração do e-commerce, a gerente do projeto, Deise Nóbrega, destacou o estreitamento da relação entre o comercial da Universal e os compradores.
“O relacionamento dos clientes com seus agentes comerciais ficou ainda mais estreito, já que agora eles conseguem comprar com maior frequência e organizar melhor seu estoque com produtos de alto giro”, afirmou Deise.
A Centerparts Distribuidora foi outra importante empresa do setor de autopeças a apostar no e-commerce para ampliar o atendimento aos seus clientes. A fabricante investiu em mecanismos que facilitassem, sobretudo, a busca no site.
Sabendo da dificuldade que há com pesquisas em catálogos, o portal de vendas foi planejado para suprir eventuais necessidades.
Mesmo quando o resultado de busca retorna muitos itens, há um filtro na lateral onde se faz um refinamento do resultado.
O site ainda disponibiliza uma ferramenta chamada Pedido Express, que possibilita ao lojista, caso tenha uma lista de produtos que precisa repor, copiar e colar os itens e o sistema automaticamente busca o produto por código Centerparts, código do Fabricante ou código Equivalente e coloca no carrinho.
Da loja para o consumidor final
Além das fabricantes, cada vez mais lojistas estão criando portais para vendas de autopeças diretamente ao cliente. Um bom exemplo da exploração desse mercado é o Mercado Livre. O maior portal de vendas on-line da América Latina apresenta hoje peças de diversos vendedores de todo o Brasil.
No Mercado Livre, inclusive, as vendas de autopeças e acessórios automotivos foram líderes em 2014, 2015 e 2016.
Referência em busca e vendas on-line
Romero Rodrigues, fundador do site Buscapé, comparador de preços on-line pioneiro no Brasil, é referência em digitalização de compras e hoje é investidor do Canal da Peça, um dos e-commerces que mais se destacam no setor de autopeças.
Em entrevista ao portal de sua empresa de vendas digitais, ele destacou importantes pontos sobre o mercado e suas perspectivas.
Os destaques de Rodrigues ficaram por conta da especificidade do setor e suas carências – sobretudo as dificuldades de se trabalhar com diversas versões e catálogos nem sempre tão explicativos – e a probabilidade de não substituição das vendas físicas pelas digitais, acreditando em uma complementação.
Vendas online como complemento
““Transacionar tudo on-line, talvez nunca. E não precisa. O mais importante é a tomada de decisão ser digital. Dessa forma, transformará a cadeia. Hoje, cerca de 2/3 das consultas de produtos são feitas pelo celular. Mas muitas pesquisas ainda são convertidas em vendas no shopping”.
Previsão de digitalização
“A digitalização está acontecendo mais rápido do que as pessoas imaginam. A praticidade é algo impressionante. O mecânico pode estar arrumando o carro e, na mesma hora, já ir pesquisando determinada peça pelo celular. Muito diferente do que era antigamente.
Aquele catálogo antes cheio de graxa poderá ser consultado na própria oficina pelo celular. Acredito que, em no máximo três anos, o mercado estará totalmente digital”.
Exemplos de outros setores
Entre 2015 e 2017, período de instabilidade na economia brasileira, uma empresa teve todos os motivos do mundo para sorrir.
A Magazine Luiza, tradicional varejista nacional, apostou nas vendas virtuais. Entre dezembro de 2015 e junho de 2017, as ações da empresa saltaram de R$ 7,79 para cerca de R$ 240, um aumento de espantosos 2300%.
O sucesso mesmo em uma época de retração nas vendas veio por conta da aposta certeira no e-commerce antes de seus concorrentes.
A empresa apostou no digital antes de seus concorrentes e com mais foco, investindo em novos canais de venda por aplicativos e na adaptação dos vendedores das lojas físicas, que também usam aplicativos para agilizar o atendimento.
O principal diferencial do e-commerce da empresa foi realizar, antes dos concorrentes, a venda em seu portal de produtos de outras empresas. O exemplo mais próximo para o movimento da Magazine Luiza é a americana Amazon.