Estou de férias na Inglaterra. Como todos sabemos, esse país passa por um momento difícil, vítima de ataques terroristas que podem eclodir a qualquer momento e em qualquer lugar.
O terrorismo é uma realidade aqui, mas o que mais me impressiona é que não significa para os ingleses numa preocupação a todo o momento – como é a nossa preocupação em relação à falta de segurança – apesar da ameaça constante, cerca de oitocentas mil pessoas se movimentam de/para Londres todos os dias.
Os estrangeiros parecem também pensar assim, pois Londres – onde hoje fala-se mais de oitenta línguas – foi a cidade mais visitada do mundo no ano passado, ultrapassando Paris.
Isso não quer dizer que os ingleses “não estão nem aí” para um tema tão importante. Tenho conversado bastante com meus amigos ingleses e numa análise sucinta da questão, eu diria que os ingleses estão conscientes da ameaça cotidiana, “demonizam”, combatem e caçam os terroristas e investigam suas familias, mas acreditam também que o país não pode parar.
E eles, os ingleses, não vão esmorecer diante da ameaça terrorista. Os metrôs estão cheios, assim como os ônibus, as peças de teatro, os musicais e restaurantes e bares.
Embora seja um país dividido pelas opiniões e votos em relação ao Brexit (a saída do Reino Unido da Comunidade Europeia) o patriotismo é tão forte que os une nesse momento. Lamentavelmente, patriotismo é uma palavra esquecida entre nós.
O roubo e a corrupção que acomete a nossa nação há tanto tempo acabou por gerar a desesperança e também uma divisão interna, como ocorre aqui.
Entretanto, como nunca estivemos em guerra e não temos uma ameaça externa – ou não percebemos que ela existe – acabamos por optar por uma absurda disputa entre “o meu ladrão x o seu ladrão”, como se estivéssemos apenas numa disputa de futebol.
Embora também haja corrupção na Inglaterra – como deve haver em todo o lugar -, aqui não existe uma corrupção institucionalizada.
As ações cotidianas indicam que os valores que constituem uma sociedade estão preservados. Liberdade é a palavra que acompanha esse país ao longo dos anos, porém isso quer dizer que a liberdade de um não é maior que a liberdade do outro. Aqui todos têm direitos, mas todos têm deveres.
As notícias do Brasil chegam, hoje em dia, em tempo real para quem tem interesse. A familia de amigos de longa data que me hospeda, além do interesse em acompanhar temas mundiais, tem um interesse especial pelo Brasil, uma vez que seu filho mais velho vive em São Paulo há dois anos – cursando pós-doutorado em temais sociais, políticos e econômicos.
Confesso que embora não tenha participação na escolha daqueles que administram o país, sinto-me envergonhado perante os amigos quando as noticias falam de corrupção, economia em ruínas, falta de segurança, falta de infra-estrutura etc.
É claro que o Reino Unido tem seus problemas, sendo que o Brexit é o mais importante nesse momento. Aos poucos estamos nos tornando um país ingovernável e algo precisa ser feito e oxalá pudéssemos, de alguma forma que não durante a Copa do Mundo e outras competições internacionais, recuperá-lo.
Em relação ao setor de autopeças/reposição parece que continuamos sem poder reclamar, é como se a “crise” tivesse derrubado diversos setores, preservando a integridade do nosso mercado. Mas, na realidade não é isso o que queremos e sim um país equilibrado com uma economia forte e com todos os setores se beneficiando desse crescimento.
Abraços e bons negócios !!!
Humberto Roliz