Com 2018 chegando ao final, o aftermarket e o mercado, em geral, aumentam sua atenção para o futuro do Setor. As empresas mantêm suas ações voltadas aos já tradicionais e necessários fechamentos anuais e confraternizações entre colaboradores, fornecedores e clientes, mas também seguem em busca de preparo para os próximos desafios. E 2019, ao que tudo indica, será um ano com ainda mais mudanças.
Um bom exemplo de preparo para o que será enfrentado adiante vem da Tecfil. A fabricante abraçou a chegada de novas tecnologias, que trarão impacto sobre a reposição, e realizou, em novembro, uma palestra sobre o tema. Aproveitando o evento anual com seus fornecedores, a empresa preparou a palestra “O Futuro do Aftermarket”, ministrada por Orlando Merluzzi, CEO da MA8 Consulting Group.
Para o profissional, “o fator mais impactante nos negócios do setor é a chegada dos carros elétricos, já que alguns modelos deverão estar disponíveis no mercado nacional no início de 2019”. Orlando Merluzzi destaca ainda, que “apesar das novas tecnologias preocuparem alguns fornecedores tradicionais, elas não afetarão o atual modelo de negócios tão cedo. Temos desenvolvido estudos nos países comprometidos com os comitês internacionais para redução de emissões, entre eles os principais atores do setor automotivo na Ásia, Europa e América do Norte e concluímos que o mercado de veículos elétricos, no Brasil, levará mais tempo para mudar a cara do aftermarket tradicional”.
O futuro é logo ali
E o movimento das fabricantes de autopeças, sobretudo, não poderia vir em melhor hora. Com a sanção presidencial ao Rota 2030, substitutivo do Inovar-Auto que levou praticamente um ano para sair do papel, virar Medida Provisória e poder enfim ser aplicado a partir de janeiro de 2019, o aftermarket ficou mais propenso às mudanças.
A primeira implicação do programa é sua duração. Com uma década e meia
pela frente, as empresas precisam estar preparadas para ter o retorno esperado já desde o início e não ficarem para trás no competitivo mercado de reposição. O novo programa visa estabelecer regras para os veículos produzidos e comercializados no Brasil nos próximos 15 anos, bem como os investimentos necessários para melhorar toda a cadeia automotiva do Brasil, definição de metas de eficiência energética, itens de segurança que se tornarão obrigatórios e novas tecnologias a serem aplicadas nos veículos.
Dividido em três fases, o período de 2018 a 2022 contempla iniciativas onde o governo deverá alcançar uma meta de 12% de avanços em eficiência energética nos veículos do dia a dia e comerciais leves. A proposta seria uma média de 1,62 MJ/km emitidos por carros de passeio. Porém, dentre as muitas vertentes do setor automotivo que o Rota 2030 deverá impactar, cabe atenção ao que muda (ou não) para o segmento de autopeças.
Indústria de Autopeças tem preocupações mais claras
De uma maneira geral, o programa tem preocupações de fortalecer o desenvolvimento do setor de autopeças, por meio de incentivos como a capacitação da cadeia de fornecedores, realizada em parcerias com a iniciativa privada e pública. Além disso, podemos esperar um esforço no sentido de simplificar nosso sistema tributário, algo moroso e que acaba impactando negativamente o caixa dos empreendedores do setor.
Outro ponto que deve ser considerado é que o programa Rota 2030 estabelece ações que levam o mercado brasileiro a um patamar competitivo global, o que possibilita pensar em uma estratégia ampla que o move, de fato, a entrar no hall de fabricantes e revendedores de autopeças globais, com representatividade em países estratégicos.
Na prática, a principal discussão sobre o que o aftermarket brasileiro precisará fazer para se adaptar, retorna às mudanças com o Rota 2030 e relevante destaque aos veículos elétricos. Isso porque, com o rápido avanço de soluções tecnológicas no setor automotivo, o de autopeças, será impactado. A busca por eficiência energética impulsionará a produção de veículos elétricos e suas baterias, materiais estruturais de menor peso, além disso, os novos equipamentos obrigatórios de segurança introduzirão uma nova gama de peças e acessórios, entre outras demandas que deverão representar importantes mudanças e necessidade de adaptação por parte de toda a cadeia de suprimentos e profissionais do setor.
*O texto conta com informações e análise de Alexandre Ponciano, diretor comercial da Solera Holding Inc., empresa que oferece tecnologias digitais para gerir riscos e ativos no ramo automotivo