Mesmo com resultados negativos em 2016, com queda na produção superior ao que era esperada, vendas retrocedendo aos níveis de uma década e ociosidade recorde de mais de 50% nas fábricas, a indústria automobilística prepara novos investimentos no País. É um sinal, segundo as fabricantes, da confiança de que o mercado brasileiro voltará a crescer, ainda que demore.
No prazo de um mês, três montadoras, a MAN Latin America, a Toyota e a Volkswagen anunciaram projetos que vão consumir R$ 9,1 bilhões nos próximos cinco anos. “Novos anúncios devem ocorrer nos próximos meses”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.
Segundo ele, o setor aposta na melhora da economia e no retorno do crescimento das vendas de veículos, embora admita não saber em quanto tempo isso ocorrerá. O executivo também acredita que a reforma da Previdência e o corte de gastos públicos são medidas necessárias para o futuro econômico do país.
Segundo Megale, a produção esperada para este ano, de 2,3 milhões de veículos, será menor entre 100 mil a 150 mil unidades.
As vendas acumuladas estão 21,2% menores que em 2015, mas a Anfavea aposta em resultados melhores neste mês. Com isso, espera fechar o ano com queda total de 19%, ou cerca de 2 milhões de unidades, retrocedendo ao mercado de 2006.
As exportações seguem sendo o ponto positivo, com alta de 23,4% no volume deste ano. Outro dado animador foi a redução dos estoques, de 40 para 35 dias de vendas, mais próximo do que o setor considera ideal, que é o equivalente a 30 dias de estoques.
O nível de emprego reduziu o ritmo de queda, pois a maioria das montadoras já fez ajustes profundos no quadro de funcionários. Só este ano foram fechadas 7,2 mil vagas e o setor emprega atualmente 123,3 mil pessoas.
Além disso, as montadoras têm 5,2 mil trabalhadores inscritos no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz jornada e salários, e 2,2 mil em lay-off (contratos suspensos).