Novo foco no mercado – A 25ª edição do seminário da reposição automotiva, principal evento do aftermarket brasileiro, organizado pelo grupo photon com a participação das entidades que formam o gma – grupo de manutenção automotiva, como sindipeças, andap, sicap, sincopeças-sp e sindirepa nacional, trouxe à tona as questões cruciais que vão impactar o mercado nos próximos anos. o evento, que reuniu profissionais de fábricas de autopeças, distribuidores, varejos e oficinas, na fecomerciosp, em são paulo-sp, destacou os efeitos da digitalização, eletrificação, fintechs como nova solução de pagamentos e consumidores que desejam experiências e análise dos mercados norte-americano e brasileiro frente às novas tecnologias.
Recado dos representantes das entidades marca a abertura
Responsável pela coordenação desta edição do seminário que é alternada entre as entidades a cada ano, Antonio Fiola, presidente do Sindirepa Nacional, enfatizou a importância do mercado reposição no Brasil que cuida 80% da expressiva frota que logo chegará a 60 milhões de veículos e que, em sua opinião, tem grande representatividade, algo incomparável a outros países. “Mesmo com a eletrificação, continuaremos a consertar carros, claro que existem desafios para reparação até por se tratar de baterias de alta tensão. O modelo brasileiro do aftermarket é único, baseado em relacionamento, isso já é um ponto muito positivo”, afirmou.
Dan Iospche, presidente do Sindipeças, salientou que o fim da substituição tributária passa pela questão de o governo dificultar o processo devido ao volume de arrecadação que esse sistema gera. Falou também que 45% das vendas de veículos novos estão concentradas em frotistas e que a estrutura veicular será multimodalidade, o que vai mudar a forma de produzir e que é preciso inserir o Brasil no mundo para que a indústria nacional se torne competitiva. Para isso, são necessárias políticas públicas para investimento em pesquisa. “As empresas associadas representam movimento de R$ 19 bilhões, 20% das vendas de autopeças no Brasil”, informou Iospche.
Seis grandes lições para o varejo aprender a inovar
Grande parte da inovação não está baseada na tecnologia e sim em emoções e relacionamento entre consumidores e produtos. Foi o que afirmou Valter Pieracciani na palestra “O aftermarket automotivo transitando do produto para a experiência”, diretor da consultoria Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, que conta com o Laboratório Brasileiro de Inovação no Varejo, há dois anos. “O cenário é de transformações e reposicionamento no varejo, por isso precisa se reinventar”, comentou Pieracciani. Segundo o executivo, as bases da revolução do varejo são: atender consumidores diferentes, criar novas experiências para os consumidores, aplicar novas tecnologias e competir no mundo digital.
Com este panorama de transformações, ressaltou seis grandes lições que o varejo deve aprender. A primeira delas é que há uma grande oportunidade de transformação do ambiente comercial brasileiro por meio da digitalização, pois, no país, existem 127 milhões de usuários regulares de internet, 60% de penetração de smartphones, a receita anual do e-commerce somou 53,2 bilhões de reais em 2018 e 50% das pessoas usam a internet em alguma etapa da compra. O segundo e terceiro fatores que devem ser considerados são sobre a experiência na loja física, que deve ser encantadora; e sobre o entendimento dos novos consumidores, que são pessoas antenadas, participativas, carentes, prontas a fazer elogios ou reclamações nas redes sociais. Sobre os hábitos dos novos compradores ressaltou que consultam os smartphones 46 vezes ao dia, 84% deles usam os celulares antes ou durante a compra, 75% dizem que as mídias sociais os influenciam e 98,6% colocam o atendimento como a razão principal para escolherem onde irão consumir.
Citou a desintermediação do setor como quarto fator relevante. Assim, há alteração na cadeia de suprimento tradicional, com desenvolvimento, planejamento, fornecimento, produção, entrega e suporte. Passa a ter planejamento sincronizado, com consumidor conectado, smart factory, fornecimento inteligente, desenvolvimento digital e suprimento dinâmico.
Será preciso também migrar para a servitização, ou seja, identificar o real problema dos consumidores e oferecer a solução, como serviços. Para encerrar a lição de casa, o varejo deve ter aguda sensibilidade ambiental, o que significa ter especial atenção com as questões sustentáveis.
Caminho a ser seguido pelas empresas
“A inovação requer estratégia e governança”, afirmou Pieracciani, onde a estratégia de inovação poderá ser desdobrada em três: inovação tecnológica, inovação de significado (design-driven innovation) e inovação com base no mercado e potenciais mercados.
Monitorando grandes redes de varejo nos Estados Unidos, o executivo destacou que o mercado é salutar e que quando o preço do combustível fica estável aumenta a quilometragem média. Os dados analisados nas duas décadas mostram que em momentos de economia forte o desempenho do mercado é bom e quando há crises fica mais forte porque as pessoas deixam de trocar de carros e precisam fazer manutenção. Eventos climáticos também interferem nas vendas de componentes. O crescimento médio do mercado de reposição nos Estados Unidos é 3% nas últimas duas décadas, exceto 2009 quando teve a crise da bolha imobiliária que houve declínio de 1,3%.