Salão do Automóvel de São Paulo completa 30 edições e até o próximo dia 18 continuará a seduzir multidões. As pessoas permanecem fortemente atraídas por carros. Entre as razões estão comodidade, liberdade, agilidade e taxa de motorização ainda baixa, se comparada a de outros países, inclusive vizinhos, como Argentina. Este ano ficará marcado pela sanção presidencial do programa Rota 2030, no dia da inauguração oficial. Sua importância será analisada na Coluna da próxima semana.
O maior número de novidades vem da Volkswagen. A mais escondida, agora revelada em versão próxima à final, é a picape de cabine dupla cujo nome provisório, Tarok, pode ser até o escolhido em 2020. De porte praticamente igual ao da Toro, incluirá motorização Diesel (tração 4×4, 1 tonelada de carga) e turboflex 1,4 L. Recurso interessante é o alongamento da caçamba ao rebater a divisória metálica interna, possível por ter construção monobloco, no caso derivada do Golf. Público pode ver de perto também o SUV compacto T-Cross (lançamento em abril 2019) e a dupla Polo GTS/Virtus GTS com motor turboflex 1,4 L/150 cv e câmbio automático de seis marchas.
Fiat também chama atenção com o modelo-conceito Fastback que dá pistas para seu primeiro SUV médio e de próxima reestilização frontal da Toro. Sua distância entre eixos, 2,69 m, é praticamente a mesma do futuro SUV argentino VW Tarek. O modelo final, previsto para 2020, não terá linha de teto tão elegante e será um pouco maior que o Jeep Compass. A fabricante exibiu e importará da Itália umas 500 unidades do SUV compacto 500X, cuja arquitetura é a mesma do Renegade.
Ford aproveitou o Salão para exibir o SUV médio Territory, projetado na China. Pela boa reação do público deverá importá-lo, mas este e provável versão de sete lugares têm grande chance de produção na Argentina. A onda SUV foi encapelada também pela CAOA Chery. Exibe os Tiggo 5X, 7 e 8 (este de sete lugares).
Três fabricantes apresentam e vão importar modelos elétricos. Os médios Chevrolet Bolt (R$ 175.000) e Nissan Leaf (R$ 178.400), além do compacto Renault Zoe (R$ 149.900). Apesar de recente redução de carga fiscal, ainda custam cerca do dobro de veículos convencionais equivalentes. Então, espere uma marolinha, não uma onda “elétrica”. Audi, CAOA Chery, Honda, Hyundai, Kia, Mercedes e VW também apresentaram modelos desse tipo. Lexus, por sua vez, anunciou que todo o seu portfólio de importados em 2019 será apenas de híbridos, solução mais coerente.
Supercarros drenam o máximo de curiosidade no Espaço dos Sonhos. Destaque maior para o Mercedes-Benz AMG One, modelo mais caro já exibido no Salão: quase R$ 12 milhões. Potência de 1.054 a 1.248 cv, torque ainda sob sigilo (motor é o mesmo da F-1) e apenas duas unidades reservadas ao Brasil. McLaren Senna não fica muito atrás com 800 cv por R$ 8,5 milhões. Nesse nível, há preços até “atraentes”: Ferrari 488 Pista, 710 cv (R$ 3,7 milhões) e Porsche 911 GT2, 700 cv (R$ 2,2 milhões).
Outra boa notícia anunciada no Salão: mais investimentos no País. BMW produzirá os novos Série 3 e X4, em Araquari (SC) e a Mitsubishi, o novo Eclipse Cross, em Catalão (GO).
ALTA RODA
Outubro, com mais dias úteis, ajudou no resultado de vendas de veículos leves e pesados. Anfavea já admite que o ano de 2018 será melhor que suas duas previsões ao longo do ano. No acumulado dos dez primeiros meses em relação ao mesmo período de 2017, venderam-se 2,1 milhões de unidades, 15,3% a mais. Estoques totais de 34 dias, dentro da normalidade.
Produção tem sido afetada por forte e abrupta queda do mercado argentino. Ainda assim está 9,9% acima do ano passado, na mesma comparação. Exportações mostram recuo de 10,9% em volume e 2,3% em valores. Em 2018, deverão ser produzidos 3 milhões de veículos, o que significa ociosidade em torno de 30%. Mínimo aceitável é de 20% (em dois turnos).
Golf Variant é opção esquecida pelo mercado, porém altamente racional e muito agradável de dirigir, tanto em cidade quanto em viagens. Apenas os alemães, ao redor do mundo, ainda valorizam as stations, entre outros fatores por suas boas estradas. Nada que ofereça 605 litros no porta-malas tem comportamento dinâmico e desempenho semelhantes, na medida certa.
Mais uma combinação de tração elétrica. Mercedes-Benz anunciou que vai ceder, para frotistas específicos na Alemanha, unidades do GLC dotadas de pilha a hidrogênio e bateria recarregável em tomada. Programa de testes começará em 2019. Até hoje nenhum fabricante havia pensado em associar as duas opções. Empresa não informou o preço desse arranjo técnico.
Rodas de aço com supercalotas estilizadas e fixadas solidamente ao aro têm sido alternativa às rodas de liga de alumínio. Estas permitem desenhos mais ousados, mas custo é maior e diferença de peso tornou-se bem menor hoje (em alguns casos, as de aço são até 15% mais leves). Iochpe-Maxion produz 250.000 dessas rodas de aço, por ano, para dois carros e uma picape.
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Fernando Calmon