O maior salão internacional do automóvel (IAA, na sigla em alemão) do mundo abriu suas portas no último dia 7 e vai até o próximo dia 12, em Munique, Alemanha. Aliás, abrir as portas nunca teve um sentido tão figurado: a exibição inclui um grande espaço ao ar livre (no total sete cenários na área central da cidade) e muitas atividades interativas com o público. A exposição bienal (anos ímpares) não é mais tão gigantesca quanto a tradicional realizada em Frankfurt. Certamente receberá muito menos visitantes por reflexos da pandemia do covid-19 que obrigou os organizadores a cortar as atividades de 11 para 6 dias.
O evento até foi rebatizado. Agora se chama IAA Mobility e inclui um setor dedicado inteiramente a bicicletas elétricas, por exemplo. A grande maioria dos lançamentos valorizou os modelos 100% elétricos que, por si só, não se trata mais de novidade. A indústria, no entanto, está engajada no longo prazo. Então é necessário demonstrar seu potencial criativo e técnico desde já. Algumas marcas mais otimistas, outras, cautelosas.
Várias projetam datas para a virada total de chave, de combustão para elétrico, sem ter em vista limitações de poder aquisitivo de cada país e, além disso, a infraestrutura capilar ser cara de implantar. Isso sem contar a matriz energética mundial, que precisa dar uma guinada muito forte para reduzir o uso de fontes fósseis como petróleo, gás e carvão para gerar eletricidade.
As fabricantes alemãs, como sempre, mantêm o protagonismo de donos da casa. Audi mostrou o carro-conceito Grandsphere que indica como será o sucessor do A8, seu sedã topo de gama, com mudanças externas e internas impressionantes. Outros modelos da marca seguirão a diretriz: Skysphere e UrbanSphere. A BMW apresentou o avançado conceito i Vision Circular, previsto para 2040. Aplica matérias-primas amplamente recicláveis em um compacto de quatro metros de comprimento. O iX5 Hydrogen pode ser testado pelos visitantes no circuito do seu estande.
Mercedes-Benz apresentou o EQE, versão elétrica do seu sedã grande, e surpreendeu com o EQG, a visão de como será o SUV elétrico de maior porte que respeita os traços originais. O Porsche Mission R, desenhado para futuras competições de monomarca, mantém essa herança e destaca lanternas traseiras com efeito gráfico tridimensional.
A Volkswagen exibiu o conceito de um subcompacto, o ID.Life, também propondo o uso de materiais recicláveis. O entre-eixos de 2,50 m (entre up! e Polo) permitirá agilidade e facilidade de estacionar. Intenção da marca é oferecê-lo, em 2025, por 20.000 euros (R$ 124.000, em conversão direta), equivalente ao atual up!.
Interessante a posição do presidente mundial da Renault, Luca de Meo, quando perguntado durante o Salão pela revista inglesa Autocar, sem citar a Tesla, se não o incomodava uma fabricante iniciante ter valor de mercado muitas vezes superior. “Quando se acumulam mais de 100 anos de história e uma força de trabalho de 200.000 pessoas como a nossa, pode ser estranho ver a valorização de bilhões em empresas que oferecem apenas uma promessa. Mas esse é o mundo em que vivemos. Distorção faz parte da vida. Tenho que aceitar isso”, respondeu.
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Fernando Calmon