A que passo vai a Reposição e o Fornecimento de peças e componentes para veículos
Ainda em 2015, a boa parte das análises envolvendo o Setor de Autopeças apontavam para um cenário difícil e até certo ponto pessimista sobre o que se passaria em 2016. Agora, chegou setembro, abrindo o último trimestre, e é hora de fazer um levantamento sobre o que foi previsto: o que se concretizou, o que não saiu como o esperado e até mesmo o que mudou, para melhor ou pior, nas previsões ao longo do ano.
As informações sobre o setor automotivo têm sido inconstantes e em alguns casos até de difícil entendimento. Nem sempre o que parece ter sido bom, de fato foi. Por outro lado, o que pareceu ruim, também pode não ter sido.
O Brasil Peças traz, na tentativa de entender o real cenário do Segmento de Autopeças, algumas previsões para este ano e dados que demonstram quais prognósticos foram alcançados ou não.
Foram consideradas tanto as fornecedoras primárias de autopeças, aquelas que negociam com as montadoras de veículos, quanto para o Aftermarket, ou seja, as que atendem o mercado de reposição.
Setor de Autopeças não alcança expectativas projetadas em 2015, mas tem recuperação na Reposição
O que foi previsto
O primeiro passo para tentar entender o atual momento como positivo ou negativo, é analisar o que se esperava para este ano lá atrás, ainda em 2015. No geral, as expectativas para 2016 era de um período de dificuldades, com no máximo um início de recuperação no último trimestre.
Negócios Nacionais:
No Setor de Autopeças, a perspectiva do Sindipeças era de que houvesse um crescimento real de 1,3% ao fim de 2016 na comparação com 2015. Até o momento, entretanto, o resultado parece difícil de ser alcançado. No primeiro semestre, o resultado no volume de negócios do setor foi 5% menor do que o registrado em igual período do ano passado.
E aí surgem as primeiras dificuldades e problemas com a análise fria dos números. O resultado, por si só, é ruim, mas, é diretamente influenciado pelo volume de fornecimento primário às montadoras. Para o Setor de Reposição, os números não foram tão negativos. No Aftermarket houve incremento de 2,7% no arrecadado com as vendas.
Os melhores resultados para o setor de autopeças eram aguardados para o último trimestre. Portanto, a tendência é que haja uma tímida recuperação no fornecimento para montadoras e uma melhora mais significativa ainda no Aftermarket, chegando próximo ao mágico 1,3% projetado.
O resultado positivo do Aftermarket entretanto, não garante muito ao setor. A melhora é mais relevante para o “moral” do segmento e para impulsionar rumo ao próximo ano, do que para o bolso. Isso, porque a queda entre 2013 e 2015 foi acentuada, o que gerou um déficit que ainda precisa ser coberto.
Negócios Internacionais:
O volume de negócios internacionais, exportações e importações, sofreram com uma outra variável além da crise econômica. O câmbio tem sido um diferencial em 2016 e tem pesado além da diminuição na demanda. O resultado, apesar de deficitário, foi 31,5% “melhor” do que em 2015.
A balança, aliás, leva a outra análise mais detalhada sobre os números. Isso porque, apesar de parecerem melhores, trazem resultados negativos. Com o dólar mais valorizado ante ao real, as importações ficaram mais escassas, ao passo que as exportações caíram bastante em quantidade, com queda menor em valores. Ainda assim, o volume de ambas foram menores do que em 2015, o que faz o Setor de Autopeças ter mais uma preocupação. No total, a importação de componentes diminuiu 23,6% e a exportação recuou 16,8%.
Previsões não estáticas
As previsões feitas em 2015, algo corriqueiro, foram sofrendo alterações ao longo de 2016. A que mais impactou na economia brasileira, e por consequência no Setor de Autopeças, foi a mudança no Governo Federal no início do segundo trimestre. Com as mudanças ocorridas no Planalto Central, foram alterados também os planos econômicos do País. Com essa alteração, parte do empresariado se tornou mais confiante e disposto a investir e esses novos rumos alteraram as expectativas para o restante do ano.
Apesar da retomada na confiança, os resultados foram redimensionados e as expectativas foram diminuídas. O que melhor explica a variação, é Setor de Autopeças que tinha previsão de crescimento de 1,3% chegando a R$ 64 bilhões em peças comercializadas e agora deve ter queda de 4,5% chegando aos R$ 63 bilhões.
A isso, somam-se algumas informações novas e até surpreendentes. Esse é o caso por exemplo, do ICC – Índice de Confiança do Consumidor-, que após 15 meses consecutivos de queda, voltou a subir, conforme dados apresentados pela FecomercioSP. A cidade de São Paulo, a maior do País, alcançou 100 pontos em agosto, marca que delimita a fronteira entre otimismo e pessimismo. O indicador marcava 97,7 pontos em julho, totalizando um crescimento de 2,4%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a elevação é ainda mais expressiva (18,2%).
O que fica para 2017
Fornecimento para Montadoras:
Para a parte do Setor de Autopeças que trabalha com fornecimento para as montadoras, 2017 ainda não deve ser o ano da retomada. Dependendo do resultado das montadoras, as fornecedoras já devem aguardar mais um período complicado. O Sindipeças estima que ainda leve quatro anos até que a produção de automóveis volte a apresentar os melhores resultados.
Atendimento à Reposição:
Já para o Setor de Reposição, a perspectiva é de que haja crescimento real e significativo, o que irá impulsionar o crescimento de todo o segmento. A expectativa é de que o aumento no volume de vendas de autopeças seja de 2,7% alcançando R$ 64,7 bilhões em 2017.