Crise energética e cogeração
Diante do cenário de crise hídrica e baixos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste/Centro-Oeste do país, as usinas de cogeração a biomassa podem ser uma alternativa para o fornecimento de energia no Brasil. De acordo com a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), o setor pode adicionar até 1,8 mil GWh de energia ainda em 2021, a partir de julho. A entidade afirma também que esse volume pode chegar a 3,5 mil GWh em 2022 e que essa quantidade adicional vai além dos contratos vigentes nos mercados regulado e livre. Os dados fazem parte de um novo estudo feito pela Cogen em parceria com a União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA).
“Só em 2022, poderíamos gerar o equivalente e a um hidrelétrica de 800 MW em capacidade instalada”, disse o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte. “A complementariedade às hidrelétricas é justamente uma das características da cogeração movida a bagaço da cana. A produção das usinas ocorre justamente no chamado período seco das hidrelétricas, entre abril e novembro”, acrescentou. Duarte explicou que é justamente nesses meses, quando as hidrelétricas não conseguem armazenar água, que as usinas a biomassa atingem seu pico de produção.
Quantidade de usinas no Brasil
Atualmente, a cogeração no Brasil contabiliza 627 usinas, que somam 19,01 GW de capacidade instalada. O volume equivale a cerca de 11% da matriz elétrica brasileira (175,7 GW) e ultrapassaria em 35,7% a capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu (14 GW). A maior parte da cogeração brasileira vem a partir do bagaço da cana-de-açúcar (62,4%). Enquanto isso, o gás natural responde por uma fatia de 16,6%. Em terceiro, com 14%, está o licor negro (subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose). Outras fontes completam o ranking.
Ainda de acordo com a Cogen, a cogeração em operação comercial no Brasil teve um incremento de 115,3 MW de fevereiro maio desse ano, entre novas usinas e ampliações de capacidade instaladas. No ranking por estados, São Paulo lidera a lista com 249 usinas e 6.940 MW instalados, perfazendo 36% do total nacional. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.891 MW instalados, correspondendo a 9,4% do total.
Setores industriais que mais usam a cogeração
Os cinco setores industriais que mais usam a cogeração são o Sucroenergético (11.893 MW), Papel e Celulose (2.515 MW), Petroquímico (2.275 MW), Madeireiro (766 MW) e Alimentos e Bebidas (624 MW).