PIB brasileiro é afetado, que a diminuição das importações da Argentina tinha consequências negativas para o Brasil era fato econômico conhecido e relevante, com destaque para a perda, pelo País, das vendas de veículos. O que se sabe agora é a extensão desse impacto sobre os principais itens da pauta de exportações e, portanto, sobre o Produto Interno Bruto (PIB).
Estudo recente das economistas Luana Miranda e Mayara Santiago, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), mostrou que a crise econômica argentina retirou 0,2 ponto porcentual do PIB brasileiro em 2018 e deverá retirar mais 0,5 ponto porcentual do PIB deste ano. Sem o impacto argentino, o crescimento do PIB teria sido de 1,3% no ano passado e será de 1,6% neste ano, calculam as economistas do Ibre-FGV. Isso significa, grosso modo, que o País perdeu valor adicionado da ordem de R$ 14 bilhões em 2018 e poderá perder mais de R$ 35 bilhões em 2019 em decorrência da recessão argentina.
O maior impacto negativo recaiu sobre a indústria, pois a quase totalidade das exportações para a Argentina é constituída por bens industriais. Entre estes estão não só bens de consumo, como automóveis, mas bens intermediários e de capital. As vendas de peças para equipamentos de transporte, por exemplo, responderam por 15,7% das exportações para a Argentina no período de janeiro a agosto de 2019.
O cálculo retrata a infelicidade do ministro da Economia, Paulo Guedes, quando indagou, há algumas semanas, “desde quando o Brasil precisa da Argentina para crescer?”. Pois precisa, demonstraram as economistas.